Meu lado profissional sem a formalidade do LinkedIn: quem é Gabriel Mesquita
Dizem que toda pessoa antes de morrer deve: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. A árvore eu já plantei, o filho é um projeto de longo prazo e este artigo é o pontapé inicial do meu futuro livro.
Aqui você vai poder conhecer um pouco sobre mim, sobretudo da minha trajetória profissional e algumas das minhas perspectivas para o futuro.
Ah! Essa não vai ser uma leitura chata, beleza? Quem me conhece sabe que eu sou um cara que odeia formalidade (mas sei ser formal quando necessário! rs) e que vai direto ao ponto, sem enrolações.
Ao longo do texto você verá algumas palavras destacadas, elas representam princípios que me guiam nas escolhas que eu tomo na vida.
Física era legal até entrar na faculdade
Pra começar falar da minha trajetória profissional, nada mais justo que falar do meu primeiro emprego, o que inclusive não tem nada a ver com o que eu faço hoje. Falo mais da minha trajetória no design mais embaixo, mas aqui é onde tudo começou.
O ano de 2016 foi um ano muito especial pra mim, foi o meu último ano no colégio. Rolou muita coisa boa em 2016, e em todas elas tinha uma coisa em comum: o relacionamento com as pessoas que me cercavam. Fortaleci as amizades que já tinha, me aproximei de pessoas que me agregavam valor e me afastei daquelas que me faziam mal.
Dentre as pessoas que eu trouxe para meu redor, destaco aqui meu antigo diretor e meu coordenador no colégio, Marcus Vinícius e Elísio. Ao longo do ano a gente teve muita troca bacana, mas foi no final que eu expressei uma vontade que tinha de continuar com eles mesmo depois de formado: seguir trabalhando no colégio como fiscal de prova. Era uma graninha boa e era praxe dos ex-alunos se tornarem fiscais. Em novembro eu procurei saber sobre o que eu precisaria pra trabalhar lá.
Nesse meio tempo eu fui classificado pra cursar Engenharia de Produção na UERJ, período de 2017.2. Na época, a UERJ enfrentava a pior greve da sua história e acabou que tive que esperar mais 6 meses pra começar minhas aulas de fato, entrando só em 2018.1 (o que foi a melhor coisa que poderia acontecer, mas isso é papo para outra hora).
O bom disso tudo é que eu tinha bastante tempo disponível e, em fevereiro de 2017, o Elísio me perguntou se eu queria ser monitor de física ao invés de fiscal de prova. Era uma grana a mais e eu sempre tive facilidade com física, então aceitei a proposta e fiquei todo 2017 como monitor e professor substituto (e várias outras funções também).
Foi um ano de muito aprendizado, desenvolvi muito a minha oratória dando aulas que chegavam até a 120 alunos, dei mais valor ao dinheiro que recebia e conheci muita gente incrível, inclusive as que eu achava que já conhecia. Foi muito importante também por ser a primeira experiência onde eu tinha de fato um “chefe”, uma responsabilidade, até então, nova na minha vida.
Meu ciclo como monitor acabou um pouco depois que começaram as aulas na UERJ, meu objetivo era focar de fato na faculdade. Por ser filho de professores, a educação sempre correu nas minhas veias, mas eu não queria ser professor como eles. Tive certeza disso depois que assisti a primeira aula de física na faculdade. Tenho pesadelos com aquele quadro até hoje.
Nada pra fazer? Vou mexer no Photoshop
Foi nas férias do trabalho (ainda era monitor) e antes de começarem os trotes na faculdade que eu decidi aprender a mexer no Photoshop. Meu passa-tempo era fazer meme, montagem e ver vídeo-aula no Youtube. Não demorou muito e já comecei a pegar uns freelas e fazer uma graninha que dava pra pagar um cinema com a gata.
Antes de rolar o trote, tinha um grupo no WhatsApp com os calouros de 2017.2 e 2018.1 (o período tinha sido unificado por conta das greves na UERJ) e eu falei que fazia uns trabalhos de Photoshop de graça. Nesse momento, a Sofya, diretora de marketing da Atlética de Engenharia, me chamou e falou: “cara, você vai fazer a caneca e a camisa pro Intereng!”. Observações: Intereng é o maior evento universitário de engenharia do RJ; eu tinha zero experiência com material físico na época e ela sequer tinha visto um trabalho meu. Completamente doida! Mas beleza, aceitei.
No meio de erros e acertos, entreguei as artes finais da camisa e da caneca. Sou suspeito a falar, mas o resultado final ficou bem bacana e recebi vários elogios (e críticas, mas foram bem menos do que elogios hehe).
Por conta disso, eu já cheguei na UERJ como membro do marketing da Atlética, minha foto estava até no organograma da apresentação para os calouros (e eu era um deles). Fiquei cerca de 1 ano lá e, após esse período, decidi que era hora de ir atrás de novos desafios.
De trainee à palestrante em menos de 1 ano
Assim que saí da Atlética, abriram as vagas para o processo seletivo da Hidros Consultoria, empresa júnior de engenharia da UERJ. Era justamente o que eu estava procurando naquele momento e não pensei duas vezes em me inscrever.
Fui mandando bem nas etapas do processo seletivo, mas na hora do “vamos ver” eu recebi a notícia de que não fui aprovado. Vou confessar que não esperava por isso e foi um balde de água fria pra mim, meus entregáveis finais foram elogiados e eu me dava bem com a galera da equipe de trainee, mas isso não mudou a minha reprovação. Minha vontade no dia seguinte era de não ter acordado, mas ao invés de ficar me lamentando por conta dessa decisão, corri atrás de entender melhor as razões da minha eliminação e trabalhar em cima dos meus erros.
Passei um final de semana refletindo sobre as coisas boas que eu tive durante o processo seletivo: muito conhecimento novo, ferramentas iradas e, sem dúvidas nenhuma, as pessoas que eu conheci naqueles três meses super intensos.
Sempre fui muito comunicativo, então eu pude falar com boa parte da galera que participou do processo seletivo e com os membros da Hidros, mas quero destacar três pessoas aqui: João, Thobias e Erick.
O Erick por ser um amigão que tenho até hoje e me indicou pra fazer um freela de design gráfico pra Red Bull, uma ativação de marca que eles fizeram com as cantinas da UERJ e eu fui o responsável em fazer mais de 12 banners e cardápios. Foi uma experiência irada, onde aumentei muito minhas habilidades de design gráfico (Illustrator e Photoshop) e ganhei 4 engradados de Red Bull como pagamento. Desde então nunca mais dormi. Brincadeira.
No final de 2018, o João me chamou pra tocar um projeto que ele tinha em mente, esse projeto era o embrião do que viria ser a Startec, uma startup de educação que ensinaria hard skills e soft skills para universitários e os conectaria com empresas que estivessem contratando.
Ele já me falava dessa ideia há um tempo, mas eu nunca tinha cogitado que ele iria me convidar para fazer parte do projeto. Quando veio o convite eu logo pensei: “esse cara é doido, eu acabei de reprovar no processo seletivo, por que ele tá me chamando?!”. Mais pra frente ele me disse que o motivo foi o meu sangue nos olhos em colocar esse projeto pra frente e fazer acontecer, o que, de fato, era uma verdade. Eu sempre tive vontade de empreender e curtia muito os nossos papos sobre a Startec.
Em fevereiro de 2019 nasceu a Startec, uma filha de três pais: eu, João e Thobias. João tocando a parte de produto e conteúdo, Thobias com a parte operacional e financeira, e eu com a parte de marketing e design.
Com o objetivo de ter um reconhecimento do meio universitário, uma das estratégias que adotamos foi de entrar de cabeça no Movimento Empresa Júnior (MEJ), o que rendeu bastante frutos pra gente… e muitas palestras. Das mais relevantes, destaco: 2 apresentações no EFEJ 2019, participações na Semana Hidros 2019, semana do CEFET Jr 2019 e no evento de 15 anos do Laboratório de Empreendedorismo (LabGN2) da UFRJ.
CMO e estagiário ao mesmo tempo
Não vou negar que 2019 foi um ano difícil, mas com uma satisfação enorme. Como a grande maioria dos empreendimentos, a Startec demorou a dar um retorno financeiro, mas o meu crescimento profissional nesse ano foi algo impagável. Éramos três e eu era responsável por uma frente inteira da empresa e com experiências mínimas com marketing. Ou seja, minha missão era: estudar muito, aprender rápido e aplicar o que eu aprendi. Se eu não fizesse, ninguém faria por mim e a Startec ficaria totalmente fragilizada.
Tudo isso me tirava da zona de conforto diariamente e me fazia crescer. Durante esse processo de crescimento eu desenvolvi diversas habilidades técnicas nas áreas de marketing, growth hacking, design e em muitas outras. Entretanto, as principais habilidades que eu desenvolvi e que me trouxeram maiores resultados foram as habilidades comportamentais.
Eu listo todas as minhas habilidades técnicas no meu perfil do LinkedIn.
Tá em alta falar que é preciso desenvolver habilidades como resiliência, adaptabilidade e várias outras soft skills, mas dificilmente um curso (o mais caro que seja) vai te trazer essas habilidades da mesma forma que alguém que de fato colocou a pele em risco e viveu isso. Quase todo dia era um revés que acontecia, trabalho de segunda à segunda, lidar com clientes, escassez de recursos e tudo mais.
Mar calmo não faz bom marinheiro, não é mesmo? Hoje eu me considero um camaleão e antifrágil, onde consigo me adaptar de acordo com os meus recursos e fico mais forte com as adversidades, buscando soluções de problemas através da criatividade e sempre alinhadas a dados e com boa comunicação com meu time para que todos nós estejamos na mesma página.
Uma crise de identidade, um “namoro” e um término
O título pode expressar bem o meu último relacionamento, mas na verdade ele nunca aconteceu. Brincadeira.
Chegando em 2020, eu, João e Thobias conversamos muito sobre o futuro da Startec. O ano anterior tinha sido muito difícil e desgastante, era muito esforço pra pouco resultado que tivemos. Até conseguimos um investimento durante certo tempo, mas não correu da forma como imaginávamos.
Ainda no fim de 2019 nós tivemos uma oportunidade de fazer a contratação de um profissional para uma empresa parceira, onde a gente viu que a dificuldade de contratar bons profissionais era uma dor muito mais latente do que a outra de educação. Foi aí que pivotamos nosso modelo de negócios de educação para o de recrutamento e seleção, viramos uma HRTech. Foi a melhor decisão que tomamos e 2020 começou a mil por hora.
Os resultados logo começaram a aparecer e precisávamos de um vendedor. Já tínhamos em mente que esse cara seria o Vinícius, um cara que a gente já flertava há muito tempo e esse “namoro” acabou acontecendo logo no início do ano. Não tinha como ser outra pessoa.
Recorde atrás de recorde, começamos a fazer caixa, prospecção de novos cadastros e de clientes em um ritmo absurdo. O coronavírus até deu um baque na gente por uns dois meses, mas logo voltamos em um ritmo mais pesado ainda. O crescimento de novos cadastros estava na média de 45% ao mês, custo de aquisição de candidatos (usuários) a R$ 0,20, vagas de emprego com mais de 700 inscritos, mais de 5000 emails coletados e outros feitos bem relevantes. Bem, estávamos voando e comemoramos bastante cada uma dessas conquistas.
Mas estava faltando em mim o principal, o que fez o João me chamar pra ser sócio: eu não estava com o mesmo brilho no olhar que antes.
Eu me sentia muito preso às atividades operacionais e via que meu crescimento profissional era baixo. Paralelo a isso, não conseguia tempo pra estudar e colocar em prática o que eu gostava de fazer: design. Eu trabalhava com o marketing mas meu coração foi sempre do design, não design gráfico ou de web, mas o de ser um solucionador de problemas.
Foi cerca de 1 mês e meio de muitas reflexões e noites mal dormidas pensando em que decisão tomar. Eu vi então que o melhor pra mim e, consequentemente, pra Startec era de me desligar da empresa que dei à luz. Após essa decisão, houve um processo de saída, onde expressei tudo o que eu sentia e expliquei que não deixaria ninguém na mão. Todos entenderam numa boa e viram que essa era de fato a melhor decisão.
Foi uma decisão muito difícil. Doeu. Mas vi que era o melhor pra empresa continuar crescendo do jeito que ela merecia. Eu sabia que ela estava em boas mãos.
Assim eu iniciava minha jornada em busca do meu propósito profissional.
UX/UI Designer? Product Designer? Por que tantos nomes?!
Em agosto, após ter me desligado da Startec, comecei um curso de UX/UI Design, onde eu queria pegar uma base sólida dos fundamentos de design e, dessa forma, me reinserir no mercado de trabalho. Sabendo disso, me preparei financeiramente para me dedicar aos estudos.
Eu escrevo este texto no dia 30 de outubro de 2020 e estou já no término desse curso. Hoje eu já conheço muito melhor o mundo do design e as atribuições de um profissional da área. Foi uma decisão super acertada e que faria tudo de novo se fosse necessário.
Hoje eu me vejo atuando como um product designer, ou UX/UI. Embora ter projetos feitos onde demanda desde as partes de pesquisa até prototipação, a área que mais tenho apreço é a de arquitetura de informação, a qual pretendo me aprofundar cada vez mais.
O que eu não falei no texto
Sou carioca de Bangu e flamenguista, apaixonado por praia, floresta e por uma cervejinha com os amigos. O cara que acorda animado na segunda e que fica mais animado ainda no final de sexta. Sou movido por paixões e desafios, mas vou confessar que procrastinar é um dos meus pontos fracos e que busco melhorar isso a cada dia (e já melhorei bastante). Sempre fui muito ligado ao esporte, sobretudo o judô, e às artes. Museu e teatro são duas coisas que eu sinto falta de frequentar durante essa pandemia.
Estou sempre buscando sair da zona de conforto e agora falta menos do que faltava pra terminar o meu livro. :)